A A MULTICAUSALIDADE DO TRÁFICO HUMANO PARA O TRABALHO ESCRAVO: CORRELAÇÃO ENTRE VULNERABILIDADE E O CAPITALISMO DO DESASTRE

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.22293/2179507x.v14i32.2016

Resumen

Infelizmente, o tráfico humano ainda é uma prática comum nas sociedades atuais, alicerçada na lucratividade, em que o mais forte se sobrepõe aos vulneráveis. Essa situação pode causar estranheza em plena sociedade da informação. Por isso, esta pesquisa destina a averiguar o seguinte problema: por que uma pessoa aceita ser escravizada? Quais condições sociais levam ao tráfico humano atualmente, em uma sociedade tão repleta de direitos e garantias? A hipótese apresentada é que as situações de vulnerabilidade das pessoas e a teoria do capitalismo do desastre são causas que favorecem a conduta de traficar e escravizar pessoas. O ser humano, em situações de hipossuficiência, acaba sendo facilmente coagido pelos mais fortes, submetendo-se a situações deveras constrangedoras. Utilizando-se do método dedutivo, e de pesquisa bibliográfica e de textos legais, o trabalho tem por objetivos específicos: descrever a sociedade pós-moderna; em seguida, analisar o capitalismo do desastre como condição de vulnerabilidade dos indivíduos; e, ao final, apontar uma consequência para essas pessoas: o trabalho escravo. Por fim, entende-se que as vulnerabilidades geradas pelo capitalismo do desastre e a ausência do Estado são condições potencializadoras do tráfico humano para o trabalho escravo.

Biografía del autor/a

Tiago Cappi Janini

Doutor e Mestre em Direito do Estado pela PUC/SP. Estágio Pós-Doutoral (PNPD/CAPES) realizado na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).  

Amanda Juncal Prudente

Mestre em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)

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Publicado

2022-08-01

Cómo citar

Janini, T. C., & Prudente, A. J. (2022). A A MULTICAUSALIDADE DO TRÁFICO HUMANO PARA O TRABALHO ESCRAVO: CORRELAÇÃO ENTRE VULNERABILIDADE E O CAPITALISMO DO DESASTRE. Duc In Altum - Cadernos De Direito, 14(32). https://doi.org/10.22293/2179507x.v14i32.2016