POLÍTICA HABITACIONAL NO PERÍODO MILITAR: REORGANIZAÇÃO E SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL

Abstract

Essa pesquisa tem por objetivo aportar novas reflexões sobre política habitacional equestões espaciais durante o período militar, contribuindo assim com as discussões sobre o tema que já vem sendo protagonizadas por grandes autores como Ermínia Maricato e Henri Lefevbre, entre outros. O fato de não haver muita literatura sobre esses assuntos, principalmente com relação às questões de segregação socioespacial geradas pelos sistemas financeiros, foi o motivo maior para o desenvolvimento deste trabalho. Partiu-se do pressuposto que o passado é chave importante para o entendimento do presente, pois mesmo que pareça absurdamente longe, o passado sempre terá uma maneira de influenciar a vivencia atual, principalmente no espaço social, o qual se liga, sempre, diretamente aos objetos e ações criados no passado, pelos próprios indivíduos da sociedade. Olhar e entender o passado são também uma forma de entender a segregação que possuímos hoje, não nossa, mas do meio social no qual convivemos, e que diariamente tratamos de olhos fechados, como uma moldura exposta na parede, que olhamos uma vez ou outra. Os conceitos básicos que deram suporte à pesquisa foram por isso mesmo, espaço, desenvolvimento e segregação socioespacial, a partir do entendimento de Santos (1978; 2002), de Souza (2002), de Castells (2000) e de Lefebvre (1968), tendo-se chegado a um novo entendimento sobre produção (positiva e negativa) e sobre distribuição (favorável e adversa) do espaço. Sob esse novo entendimento de produção e distribuição do espaço, foi desenvolvidatodo o trabalho. Quanto ao método de pesquisa, foi utilizado o Estudo de Caso, tendo sido pesquisada a produção da COHAB –PE e da COHAB-Recife na Região Metropolitana do Recife no período entre 1964 e 1985. Como técnicas de pesquisa foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e documental (especialmente pesquisa no acervo documental da Pernambuco Participações e Investimentos S/A - Perpart, órgão que tem como uma das missões, gerir direitos e obrigações de empresas extintas e em extinção pelo estado) e a aplicação de entrevistas e questionários em moradores atuais e antigos moradores desses conjuntos. Esse estudo permitiu concluir que essa pesquisa se mostra suficiente para demonstrar que houve sim, um tipo severo de segregação socioespacial, com a criação de novas ocupações irregulares, favelas e exclusão social. Com uma junção dos três parâmetros dados por Lefebvre para explicar a segregação, a RMR do Recife se mostrou passiva a esse tipo de mal, e que durante os anos da ditadura militar sofreram com isso, não só seus indivíduos, mas também seu espaço social e urbano.