A PEDESTRIANIZAÇÃO DA AVENIDA RIO BRANCO, NO BAIRRO DO RECIFE/PE: A PERCEPÇÃO DO USUÁRIO

Resumo

Esta pesquisa tem por objetivo captar a percepção e a aceitação do usuário da Avenida Rio Branco quanto à transformação do logradouro em um boulevard exclusivamente de pedestres, procurando identificar quem são os usuários anteriores à pedestrianização e qual o sentimento das diversas categorias de usuários quanto a essa transformação. A questão norteadora da pesquisa foi: valeu a pena ceder o espaço de uma importante artéria, sacrificando também parte da história, para o projeto que hoje se encontra implantado? Parte-se da hipótese de que a pedestrianização da Avenida Rio Branco, conforme projeto concebido e implantado pode ter sido benéfica para determinados tipos de usuários, mas por ser uma importante artéria, a sua transformação em via de pedestre pode ter comprometido a circulação do bairro e pode ter contribuído também para a perda de parte da sua história. Para verificação dessa hipótese, foram utilizados como suporte teórico, os conceitos de pedestrianização, espaço público, caminhabilidade e vitalidade da cidade conforme entendimento de autores como Gehl (2015), Menezes (2015 e 2016), Jacobs (2011), Machry (2016), Reynaldo (2017), entre outros. O método de abordagem foi o Estudo de Caso, tendo sido utilizadas como técnicas de pesquisa: pesquisa bibliográfica (com foco nos autores que trabalham os conceitos utilizados e naqueles que trabalham a história do Bairro do Recife e da Avenida Rio Branco); pesquisa documental (planos para o Bairro do Recife, exemplos de casos de pedestrianizaçao, publicações sobre o assunto em sites oficiais e pela imprensa, projeto executivo para a pedestrianização da Avenida Rio Branco, ente outros); observações em campo (visitas à Rio Branco em diferentes dias da semana, para registros fotográficos e entrevistas); aplicação de entrevistas em atores estratégicos e aplicação de questionários online. Foi aplicado também, com as devidas adaptações, o Índice de Caminhabilidade – iCam (ITDP,2018) para avaliação da implantação do projeto de pedestrianização. Os resultados dessas pesquisas mostraram não haver unanimidade nem quanto à aprovação e aceitação da pedestrianização da Avenida Rio Branco, nem quanto à perda de parte da história do Bairro em função dessa transformação. Mas pode-se afirmar que esta avenida ainda não se firmou como um espaço de permanência e sim como um espaço de passagem para pedestres com possibilidade de permanência eventual, em função de eventos oficiais promovidos pela Prefeitura da Cidade. Funciona na verdade como um via de condução ao Marco Zero, espaço central de permanência do Bairro do Recife. E fazer da Avenida Rio Branco um espaço de permanência parece ser o maior desafio dos responsáveis pelo projeto e pela sua implantação.